A Dieta Vegetariana e a Prevenção de Cânceres do Sistema Reprodutor
Dr George Guimarães,
nutricionista especializado em dietas vegetarianas
www.nutriveg.com.br
Atualmente,
se aceita que até 80% dos cânceres sejam causados por fatores que podemos controlar:
ambiente, tabagismo, dieta, atividade física, consumo de álcool, exposição a
radiações, poluição e medicamentos, sendo que a nutrição é um fator determinante
para risco ou proteção. Portanto, é importante considerar junto a outros hábitos de
vida saudáveis também a opção por uma dieta vegetariana. Ela é especialmente poderosa
como fator de prevenção, ou seja, quando adotada antes que os problemas ocorram.
Muitos
estudos já demonstraram a relação entre a incidência de câncer e uma dieta rica em
produtos animais. As dietas muito ricas em proteína animal estão relacionadas aos
cânceres do intestino, fígado, mama e rins. Já as dietas muito ricas em gordura (com ou
sem proteína animal) estão relacionadas à incidência de cânceres de intestino, mama,
próstata, e pâncreas. Recentemente, em fevereiro de 2007, a revista médica British
Journal of Cancer publicou um estudo realizado com mais de 35 mil mulheres
britânicas (sendo 28% destas vegetarianas) com idades entre 35 e 69 anos. O estudo
apontou que aquelas mulheres que consumiam carne vermelha em maiores quantidades tiveram o
seu risco de desenvolver câncer de mama aumentado em até 64%.
O
estudo aponta os seguintes mecanismos como hipóteses para explicar a relação entre a
ingestão de carne e o favorecimento no desenvolvimento do câncer: uma dieta rica em
carne é mais rica em gordura saturada, o que favorece um aumento na produção do
hormônio estrogênio pelo organismo, cujo excesso está diretamente relacionado à
incidência do câncer de mama, por exemplo; além disso, muitas carnes são ricas em
estrogênios (independente do efeito estimulante da gordura), uma vez que este é
utilizado na criação para promover o crescimento do animal; a cocção da carne forma um
composto chamado amina heterocíclica, que está relacionada ao desenvolvimento
do câncer; as carnes processadas contêm compostos nitrosos que já demonstraram ter o
mesmo efeito de promoção do câncer; as carnes são muito ricas em ferro, cujo excesso
no organismo está igualmente relacionado ao desenvolvimento de algumas formas de
câncer.
Outro
estudo, publicado no final de 2006 na revista médica Archives of Internal Medicine,
também relacionou o consumo de carne vermelha a um aumento no risco de desenvolver o
câncer de mama. Este estudo envolveu mais de 90 mil mulheres com idades entre 26 e 46
anos que foram acompanhadas por um período de 12 anos. As mulheres que consumiam
diariamente uma porção e meia de carne vermelha tiveram dobrado o seu risco de
desenvolver câncer de mama quando comparadas àquelas que consumiam apenas três
porções ou menos de carne vermelha por semana.
Em
2006, a revista médica American Journal of Clinical Nutrition publicou um estudo
da Washington University que demonstra haver uma relação entre a ingestão da proteína
animal e o aumento nas taxas de substâncias hormonais (IGF-1), as quais estão
associadas como fator de risco para os cânceres de mama e próstata.
Mas
as carnes, em especial a carne vermelha, não é o único produto animal que está no
banco dos réus quando o tema é o câncer. Um estudo Sueco publicado em 2005 evidenciou a
relação entre o câncer de ovário e o consumo de laticínios. Para cada 13 gramas de
lactose consumida (equivalente a um copo de leite), o risco de desenvolver câncer de
ovário aumentava em 13%. Investigações anteriores demonstraram que a lactose e a
galactose (um produto da digestão da lactose) podem ter um efeito tóxico no tecido
ovariano. Em um estudo publicado em 2006, o consumo de laticínios foi também relacionado
a um aumento no risco de desenvolver o câncer testicular. Este estudo, que foi conduzido
na Alemanha e envolveu mais de 1.000 homens, constatou que aqueles que consumiam mais de
20 porções de laticínios por mês tiveram aumentado em 37% o seu risco de desenvolver
câncer testicular. O estudo sugere como culpadas a galactose e a gordura presentes nos
laticínios. A relação entre o consumo de laticínios e o câncer de próstata também
já foi estabelecida em estudos anteriores.
Além
de ter potencialmente reduzida a quantidade de substâncias que favorecem o
desenvolvimento do câncer, uma dieta rica em alimentos vegetais também possui uma
quantidade maior de substâncias que o previnem. Quando falamos em uma dieta rica em
alimentos vegetais, entenda uma dieta vegetariana, que por razões óbvias permite incluir
na dieta uma quantidade maior de alimentos vegetais se comparada a uma dieta onívora (que
inclui carnes). Uma dieta vegetariana atua portanto por duas vias, pois além de reduzir o
estímulo nocivo, ainda aumenta a oferta de substâncias protetoras.
Os
componentes dos alimentos vegetais podem prevenir o câncer de diferentes maneiras:
eliminando os radicais livres e melhorando o sistema imunológico são dois exemplos,
além de serem capazes de reduzir a conversão das substâncias cancerígenas à sua forma
ativa.
Os
fitoquímicos presentes em alimentos vegetais têm um papel importante na prevenção de
algumas formas de câncer, especialmente o de mama. A genisteína, encontrada na soja e
derivados, é um exemplo destas substâncias de efeito protetor. Já contra o câncer de
próstata encontramos um fator de proteção no licopeno, presente em frutas vermelhas
como o tomate, a melancia e a goiaba vermelha. Outras substâncias que dão coloração
às frutas e vegetais, chamadas de flavonóides (presentes em abundância no suco de uva e
no açaí, por exemplo), também protegem as células contra o câncer. Vegetais como o
brócolis e o repolho contêm fatores que previnem o câncer ao favorecerem a remoção de
substâncias cancerígenas que se acumulam e concentram no interior da célula. Por ser
rica em selênio, a castanha-do-Pará fortalece o sistema imunológico e bloqueia a
iniciação e promoção de tumores.
Os
alimentos vegetais fornecem uma imensa gama de fatores de proteção que vão muito além
das fibras, vitaminas e minerais. Os produtos animais, por outro lado, contêm
substâncias que são capazes de promover o câncer. Quanto mais rica em vegetais e mais
pobre em produtos animais for a dieta, mais próximos estaremos da prevenção do câncer.
Uma dieta vegana, balanceada para garantir a boa nutrição e rica em variedade e cores
para garantir a proteção, é a tradução de uma dieta poderosa na prevenção do
câncer.
Portal vegetariano NATUREBA : www.natureba.com.br .