Trimestre científico
para o vegetarianismo
Dr George
Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas
www.nutriveg.com.br
O primeiro trimestre de
2009 foi muito rico no que diz respeito à publicação de estudos científicos que
apontam os benefícios de consumir mais alimentos de origem vegetal e evitar o consumo de
alimentos de origem animal. Comemorarei o fato compartilhando com vocês uma breve
revisão dessas publicações.
Em um estudo conduzido
pela Tufts University, nos EUA, 171 pessoas com mais de 50 anos foram avaliadas de acordo
com o grau de alcalinidade da sua dieta. Os cientistas concluíram que quanto mais
alcalina era a dieta, menor era a perda de cálcio na urina. Conforme foi apontado pelos
autores, o consumo de vegetais e frutas (mesmo as frutas ácidas) promove a
alcalinização do sangue. Já os alimentos de origem animal, refrigerantes e alimentos
altamente processados são alimentos altamente acidificantes. Em síntese, isso significa
que comer verduras e frutas é benéfico para os ossos, enquanto as carnes e outros
produtos de origem animal fazem com que o corpo perca cálcio, resultando na
fragilização dos ossos.
Já uma tese produzida na
Holanda a partir da revisão de vários estudos epidemiológicos apontou para os
benefícios que o consumo de vegetais e frutas traz para a saúde cardiovascular. A tese
aponta para o fato de que os vegetais e as frutas são ricos em fitoquímicos, vitaminas,
minerais, ácidos graxos poliinsaturados e fibras. A tese mostra a relação existente
entre o consumo dessas substâncias e a prevenção de fatores de risco que levam à
doença cardiovascular, dentre eles a hipertensão arterial, o colesterol elevado e a
obesidade. A tese aponta que além de gozarem de colesterol reduzido, melhor controle de
peso e melhor controle da pressão arterial, os vegetarianos também têm um menor risco
de desenvolver o diabetes tipo 2.
Em um estudo da
universidade de Harvard, foram acessados os hábitos alimentares de mais de 40.000
mulheres no final da sua adolescência e que foram acompanhadas pelos sete anos seguintes.
Aquelas que na adolescência consumiram mais carne vermelha e carnes embutidas
apresentaram uma elevação de mais de 30% no risco de desenvolver câncer de mama na
idade adulta.
Já em outro estudo em que
foram analisados os hábitos alimentares de 2.400 mulheres norte-americanas de
ascendência asiática, foi demonstrado que aquelas que consumiam mais vegetais e soja
apresentavam um risco reduzido de desenvolver o câncer de mama. Para as mulheres que
consumiam uma quantidade elevada de carnes, o risco de desenvolver a doença foi
dobrado.
Por fim, um estudo do
National Cancer Institute dos EUA declarou que o consumo de carne vermelha e de carnes
embutidas reduz significativamente a expectativa de vida. O estudo foi além do
apontamento do risco de desenvolver doenças do coração e cânceres intestinais e do
sistema reprodutor, apontando também para a relação existente entre o consumo de carnes
e outras doenças, como a doença de Alzheimer.
Esse estudo acompanhou os
hábitos alimentares de meio milhão de pessoas com idade entre 50 e 71 anos durante uma
década. As pessoas que consumiam a maior quantidade de carne vermelha apresentaram uma
elevação de mais de 30% no risco de morte por todas as causas combinadas. Para as que
consumiam a maior quantidade de carnes embutidas, o risco de morte por todas as causas foi
elevado em até 25%.
Especificamente sobre o
risco de desenvolver câncer, o estudo apontou que a elevação foi de mais de 20% entre
aqueles que consumiam a maior quantidade de carne vermelha e de até 12% entre aqueles que
consumiam a maior quantidade de carnes embutidas. Para as doenças cardiovasculares, a
elevação no risco de morte foi de até 50% quando associado ao alto consumo de carne
vermelha e de até 38% quando associado ao alto consumo de carnes embutidas.
Como já vem sendo
evidenciado pela produção científica há algumas décadas, o consumo de alimentos
vegetais é benéfico para a saúde enquanto o consumo de alimentos de origem animal está
relacionado a muitos dos malefícios que mais afetam a saúde da população. Por mais que
alguns possam querer argumentar que a carne é fonte de nutrientes importantes, qualquer
suposto benefício que se possa obter a partir do seu consumo não é capaz de justificar
os riscos associados a esse hábito. Sabendo que podemos atender às nossas necessidades
nutricionais consumindo alimentos que, além de nutritivos, ainda oferecem proteção
contra o desenvolvimento das doenças mais fatais ou debilitantes da atualidade, não
resta motivo científico para insistirmos no consumo de alimentos de origem animal.
Portal vegetariano NATUREBA : www.natureba.com.br .