Vitamina D: Uma Questão Natural
Dr George Guimarães,
nutricionista especializado em dietas vegetarianas
www.nutriveg.com.br
A
vitamina D tem demonstrado ter um papel importante na prevenção do diabetes tipo I e do
câncer de mama e de próstata. Ela também tem sido apontada como um fator importante no
alívio dos sintomas da TPM e na prevenção da síndrome do ovário policístico. Mas a
sua função mais importante e conhecida é o seu papel em favor da boa saúde
óssea.
Uma
questão freqüente é se a dieta vegetariana seria deficiente em vitamina D. A resposta
é sim, a dieta vegetariana é pobre em vitamina D. Mas isto não significa dizer que os
vegetarianos estejam condenados a ter uma deficiência da vitamina e nem tampouco é
indicativo de que a dieta vegetariana não seja natural à espécie humana.
É
importante entendermos que a vitamina D pode ser obtida naturalmente por duas vias: a
dietética (especialmente nos produtos de origem animal ou suplementos) ou pela
exposição da pele à luz solar, o que estimula o organismo a sintetizá-la. Para os
vegetarianos e veganos, a segunda alternativa é a que prevalece, tendo como segunda
opção os suplementos alimentares. Sendo assim, desde que a pessoa tenha uma exposição
adequada ao sol, o argumento de que a dieta vegetariana é deficiente em vitamina D,
apesar de verdadeiro, não tem grande importância prática,visto que a vitamina pode ser
sintetizada pelo próprio organismo.
À
medida que expandíamos a nossa presença no planeta, a espécie humana foi
distanciando-se das regiões tropicais, onde tivemos nossa origem. Essa migração para
ambientes menos naturais à nossa espécie coloca em risco alguns aspectos da saúde. A
modernização da dieta e dos nossos hábitos de vida impõem uma importante restrição
na obtenção da vitamina B12, por exemplo, a qual os nossos ancestrais obtinham pela
ingestão de alimentos contaminados por bactérias.
A
vitamina D é mais um desses nutrientes que têm a sua disponibilidade comprometida à
medida que os nossos hábitos distanciam-se das nossas origens. No entanto, no caso da
vitamina D, o principal impedimento não está em uma questão dietética, mas na
redução do tempo a que estamos expostos à luz solar, especialmente na intensidade
predominante em regiões tropicais e subtropicais.
Felizmente,
no Brasil não temos dificuldade em encontrar sol intenso ao longo de todo o ano, salvo
algumas regiões onde, apesar do sol estar brilhando acima das nuvens, predomina um clima
nublado. Ainda assim, somos muito afortunados por ter um sol intenso, mesmo durante o
inverno. Mas não basta o sol estar brilhando lá fora, é preciso ir ao encontro dele. Eu
costumo recomendar aos meus pacientes que levem o seu animal de estimação para passear
diariamente, mesmo que eles não tenham um animal de estimação...
Para
uma pessoa de pele clara, uma exposição diária de 20 minutos, de mãos e rosto, é
suficiente para realizar a síntese da vitamina D em quantidade adequada. Para peles mais
escuras (que são mais resistentes à radiação solar), recomenda-se até uma hora de
exposição diária para que se produza o estímulo desejado.
Mas
qualquer que seja a cor da pele, vale observar o horário de exposição: quanto mais
distante do meio-dia, melhor. Isto é muito importante para evitar uma exposição que
possa causar queimaduras ou favorecer o desenvolvimento de um câncer de pele. No entanto,
apesar de ser muito recomendável que se evite a exposição ao sol quando ele está mais
alto no céu, deve-se considerar que para produzir um estímulo eficiente, o sol não pode
estar abaixo dos 40 graus da linha do horizonte, altura na qual seus raios são bloqueados
pela atmosfera de maneira significativa. O horário mínimo para que ele esteja
suficientemente elevado varia de região para região. Nas regiões tropicais e
subtropicais o sol passa a maior parte do dia acima dos 40 graus de elevação, o que não
é verdadeiro para alguns países europeus, por exemplo, onde ele passa a maior parte do
inverno bastante baixo, mais próximo à linha do horizonte. Para medir se o sol está
alto o suficiente para proporcionar a síntese da vitamina D, observe o tamanho da sua
sombra: quando o sol está acima de 40 graus da linha do horizonte, a sombra do seu corpo
é sempre mais curta do que a sua própria altura.
Para
aqueles que por algum motivo não podem expor-se ao sol de maneira satisfatória (pessoas
com dificuldade de locomoção ou problemas de pele, por exemplo), ou ainda aqueles que
vivem em regiões onde o sol pouco se eleva, a solução é o uso de um suplemento de
vitamina D. São duas as formas empregadas na formulação de suplementos alimentares ou
na fortificação de alimentos. A mais comum é a vitamina D3 (colecalciferol), obtida a
partir da exposição de peles de animais (mortos) à ação da radiação ultravioleta.
Ela pode também ser sintetizada a partir do colesterol. Em ambos os casos, a vitamina D3
é sempre de origem animal. A alternativa para os vegetarianos está na vitamina
D2 (ergocalciferol), que é obtida a partir de fontes vegetais. No entanto, por ser menos
utilizada pela indústria farmacêutica, esta forma vegetal da vitamina D é mais difícil
de ser encontrada.
A
exposição das mãos e do rosto ao sol, por 20 minutos, estimula o corpo a produzir em
torno de 5 a 10 microgramas da vitamina D3. Quando se considera o uso de um suplemento, a
dose segura para um adulto é de (justamente) 5 a 10 microgramas por dia da vitamina D3.
Como a vitamina D2 tem apenas a metade da eficiência da vitamina D3, sempre que se
ajustar uma fórmula para a forma vegetal da vitamina, a dose deverá ser dobrada. Nesse
caso, o uso de 10 a 20 microgramas por dia da vitamina D2 é recomendado para adultos que
estejam incapacitados de se exporem ao sol de maneira satisfatória. Gestantes,
recém-nascidos, crianças e idosos têm necessidades especiais para a vitamina D. Nesses
casos, a atenção deve ser dobrada.
É
importante ressaltar que o uso exagerado da vitamina D na forma de suplementos pode trazer
graves prejuízos à saúde. Em qualquer idade, o uso de suplementos de vitamina D deve
ser feito apenas sob orientação individualizada, supervisionada por um nutricionista ou
médico capacitado. Mesmo diante da possibilidade de uma alternativa farmacêutica
produzida a partir de matérias-primas vegetais, a fonte mais segura da vitamina D
continua sendo a exposição diária da pele à luz solar, permitindo que o organismo
faça a sua própria síntese. Nesse caso, ela nunca é produzida em excesso. Além de ser
mais seguro do que os suplementos, esse hábito traz ainda outros benefícios à saúde do
corpo e da mente. Sem contar que contribui para a alegria do seu animal de estimação!
Portal vegetariano NATUREBA : www.natureba.com.br .